Marzio Muraca "Nasci em 1975, graduei em Letras, antes brinquei de teatro e artes em geral. A espiritualidade sempre me acompanhou, embora momentos de não-Fé e sombras um dia me atacaram... Estudei muitas religiões, abracei o ZEN e o Catolicismo, olhe só. Mas não desejo o Deus engarrafado de muitas instituições. Vivi em Londres por 3 anos, entre 2004-2007. Luz+Love"
Este é o perfil de um cidadão, cosmopolita, culto e viajado sempre em busca da verdade e suas realizações. Quando a dúvida o atormentava procurava sempre pessoas experientes para lhe apasiguar o espírito. Foi quando em 2005 em Londres em um momento de solidão, em condições precárias de sobrevivência ... algo inúsitado
aconteceu...Fantástico seria a palavra. Esta passagem de sua vida ele redigiu e a guardou para que em um momento favorável pudesse transmitir a quem quisesse saber
e este dia chegou. Leiam agora esta entrevista com Marzio Muraca...o dia em que tudo mudou na sua vida.
Em primeiro lugar, gostaria que você explicasse a origem do termo abdução azul. O que ela significa, afinal? Pois não. Mas eu quero já deixar claro que não entendo nada de ufologia e nem sou ligado a isso. Para falar a verdade, sempre tive um pouco de receio desse tema, porque as imagens de etês e abduções são sempre assustadoras, no meio da escuridão e tal…
O termo abdução azul vai para o lado oposto desse tipo de abdução maligna. Eu sempre fui fascinado por seres-humanos sábios, sejam religiosos, artistas ou alguém muito vivido. E sempre fui atrás deles. Já bati à porta de muitos. Acho que minha última vítima foi ao escritor Rubem Alves, que tanto admiro.
Bem, logo que voltei ao Brasil, depois de 3 anos na Inglaterra, procurei um sacerdote cristão, um grande mestre para milhares de pessoas. Contei para ele sobre minha experiência, que julgo ser essencialmente espiritual e pessoal. Ele então veio com este termo, abdução azul, referindo-se a um tipo de abdução com finalidade espiritual, de superação pessoal. Quando alguém está sendo atacado por forças do medo, como eu estava, sempre surge uma luz, uma mão que nos ajuda. Isso sempre acontece. Alguns recusam, claro, e se entregam à sombra. E a mão iluminada que apareceu para mim veio desta forma… Azul.
Sua experiência aconteceu na Inglaterra, foi isso? Isso mesmo. Eu morei exatamente três anos em Londres, entre novembro de 2004 e novembro de 2007. O que ocorreu comigo foi no primeiro semestre de 2005.
Tem muita gente falando que você sempre dá poucos detalhes de sua experiência. Você pode nos contar, afinal, tudo o que ocorreu?
A questão é que não foi apenas um evento que ocorreu e depois acabou. Muitas coisas aconteceram. Foi um processo e não um fato que aconteceu só numa noite. Eu entendo que as pessoas queiram que eu fale que estava andando por um lugar deserto e escuro, quando uma nave surgiu e me raptou. Querem saber o que vi num disco voador, como eram os seres, de que estrelas eles eram. Não é bem assim… A surpresa é muito maior.
O que aconteceu então? Eu sempre fui ligado em três temas: inspiração, superação e espiritualidade. Mas só agora isso ficou claro. Eu não sabia o que queria da vida, como muita gente. Ficava com esse vazio, algo sempre faltava e cheguei a procurar terapias para entender o motivo de gostar de tanta coisa, mas não focar em nada.
Fui para Londres por causa disso. Eu já era professor de Português havia algum tempo, ganhei um prêmio literário em dinheiro que me permitiu visitar a Inglaterra em 2003. Fiquei um mês lá, gostei, voltei ao Brasil e no ano seguinte decidi ir morar por lá. Eu precisava sair da minha rotina, eu tinha aquela doença de nunca estar satisfeito. Vendi meu carro, meu computador, peguei meu passaporte italiano e fui.
Nessa época, eu frequentava um grupo zen-budista que, aliás, foi minha grande escola e onde conheci meu mestre zen – que não gosta de ser chamado de mestre. Mas apesar dos estudos, eu não conseguia colocar os ensinamentos em prática, e esse também foi um dos motivos de eu querer ir embora… Não encontrava respostas, estava perdido, me apaixonava platonicamente, era uma frustração atrás da outra…
Mas o que eu jamais esperava é que minha vida em Londres fosse piorar drasticamente: eu não conseguia aprender inglês, meu emprego era horrível e pagava pouco, não conseguia fazer amizade com ninguém, enfim, uma furada. Eu não podia voltar ao Brasil, depois de ter deixado um emprego público e uma rede de ensino famosa no país. Sem contar o dinheiro empregado…
Eu tentei procurar grupos espiritualistas, mas simplesmente nada dava certo. Nada. Para piorar, meu mestre começou a ignorar meus e-mails. Eu implorava para que ele me desse uma luz, mas ele nunca respondia. Anos depois, compreendi isso.
Então, em janeiro de 2005, eu vi o mal de perto. No meio de minha tristeza, revolta e solidão, eu vi meu lado sombrio bem de frente a mim, me encarando…
Como era exatamente esse lado sombrio que você viu?
Eu acordei no meio da noite no casarão onde eu trabalhava e senti que tinha algo no meu quarto. Sempre tinha barulho no telhado da casa e no teto, porque os esquilos entram pelos buracos e fazem casa em todo lugar. À noite você acaba se assustando com o barulho deles.
Eu então corri e tentei acender a luz, que não acendeu. Corri para o banheiro anexado ao quarto e consegui acender a luz de lá. Foi aí que eu vi um esquilo…
Um esquilo? O seu lado sombrio era um esquilo, é isso? (risos) Não! É claro que me aliviei quando vi um esquilo, pequeno e meigo, olhando para mim, bem no meio do meu quarto. E o que fiz foi tentar fazer com que ele voltasse pelo buraco que tinha entrado. Quando cheguei perto dele, percebi que ele não estava com medo de mim, o que achei estranho, porque esquilos saem disparados com qualquer coisa, é um dos animais mais rápidos do planeta. Mas aquele não: ele ficou me encarando e eu gostei, porque todo mundo se encanta com esse bicho, principalmente para quem não está acostumado, como eu, um brasileiro. Fui chegando, chegando, até me agachar bem de pertinho. Eu me lembro de ver nos olhos dele a minha imagem sorrindo. Nisso, um estalido veio do banheiro. A lâmpada parecia ter estourado. Levei o maior susto, e a luz, óbvio, apagou. Eu me virei de volta ao esquilo e, antes de tudo cair no breu, deu tempo de enxergar o reflexo do meu rosto nos olhos dele. E por trás da imagem do meu rosto, eu vi a imagem de uma figura terrível, com uma expressão triste e ao mesmo tempo cheia de rancor. Num segundo, vi a pior imagem que alguém pode ver na vida.
Eu ainda estava agachado e me lembro de cair para trás no chão. O esquilo correu e sumiu. Fiquei um tempo naquela escuridão, paralisado, e depois um choro silencioso começou a me invadir e por lá eu fiquei até amanhecer. Quando o dia trouxe luz, eu fiz uma oração tão fervorosa como nunca tinha feito antes. Naquele momento eu entendi o que era uma oração.
E o que aconteceu depois? Foram dias terríveis. Saí daquela casa e fui trabalhar em outra. Eu era au pair, tomava conta das crianças de uma família e fazia algum serviço na casa, como lavar e passar roupas, em troca, eu tinha um quarto e um salário pago semanalmente. A vantagem era a alimentação mais a moradia de graça, fora o tempo livre para estudar. O problema é que você muitas vezes acaba se tornando o empregado da casa e, quando se dá conta, já está lavando o carro, o banheiro…
Bem, eu interpretei que um bicho tão simbolicamente positivo e encantador como um esquilo estava me mostrando que eu estava mergulhando em sombras. Mas que eu não estava sozinho…
Foi então que um dia, andando pelas ruas de Londres, resolvi entrar numa igreja católica. Foi no meio de uma tarde e ela estava deserta. Sentei num banco perto do altar e fiquei sentindo aquela atmosfera de silêncio e paz. Nisso, alguém se ajeitou ao meu lado. Era um homem inglês. Ele sorriu e foi dizendo que alguém tinha pedido para que ele me encontrasse, depois me entregou um bilhete. Resumindo: fui parar no final da tarde no parque de Greenwich. Quando cheguei no local exato especificado no papel, vi algumas pessoas sentadas na grama, num círculo, em silêncio, como se meditassem. Alguém me fez sinal para sentar. Depois de muito tempo, alguém do grupo começou a falar comigo. Eu fui às lágrimas, porque parte da minha oração naquela noite terrível foi dita bem ali, diante de mim. Então me passaram uma tarefa. Eu aceitei, o que levou quase três meses para eu cumprir. Sem contar, outras tarefas menores, mas tão difíceis como a principal.
Depois que saí de lá, vi uma luz azul magnífica percorrer o céu, acima do parque…
Que tarefa foram essas? O que você teve de cumprir? Do fundo do meu coração, eu não posso revelar, pelo menos neste momento.
Você foi proibido de falar? Quem era esse grupo? Não, ninguém me proíbe de dizer o que desejo. Onde estaria meu livre-arbítrio se fosse assim? Acontece é que não me sinto à vontade para falar nisso agora e nem acho que este seja o canal certo para isso. Foi algo muito importante e que levou semanas. Quanto ao grupo, eu fui saber depois que se chamava As Rosas Ocultas de Londres. Eles fazem parte de uma comunidade multicultural, tem gente do mundo inteiro na Inglaterra. E há outras Rosas Ocultas espalhadas por todo o planeta.
Você faz parte desse grupo? (risos e silêncio) As Rosas Ocultas canalizam um Monge cósmico, ou simplesmente Monge. São seres evoluídos, mas não espíritos. Eles orientam as tarefas, que geralmente têm como objetivo colocar alguém que saiu de sua missão de volta ao caminho. Isso sempre envolve duas pessoas que mergulharam na própria sombra. Uma deve trazer luz à outra. E isso não é fácil, com certeza.
Você poderia ir direto à sua abdução azul, por favor?
Eu sempre disse que não daria para contar isso em poucas palavras. Vou tentar resumir e ser mais direto.
Bem, depois de muitos encontros, choque com meus medos mais profundos, a fé que eu poderia cumprir aquela tarefa aparentemente simples surgiu. Eu cumpri e a outra pessoa envolvida também. Ela já se foi…
Enfim, o grupo me disse que eu receberia uma revelação pessoal importante para minha caminhada, uma espécie de graça por ter superado o que eu mesmo aceitei.
No final de julho de 2005, em pleno verão europeu, eu lia um livro no gramado do Hyde Park London, quando senti alguém se aproximar. Era uma mulher com traços orientais, uma Rosa Oculta. Ela ficou me olhando um tempão e, quando eu já estava roxo de constrangimento, ela me disse com um sotaque bem forte que a minha revelação iria acontecer num outro parque da cidade, dentro de uma bota. Ela começou a rir e eu fiquei mais roxo ainda. Bota? Como assim, numa bota? Ela se levantou, dando gargalhada e foi embora…
Dias depois, intrigado e sem saber como resolver aquele mistério ridículo, acabei deixando para lá. O mais importante era que eu estava vivendo um dos momentos mais felizes da minha existência. Era verão e um sentimento de entusiasmo estava no ar e em mim.
Numa noite, fui a uma festa na casa de uns amigos, muito longe de onde eu morava. Na volta, peguei o ônibus errado, depois perdi o trem, um sufoco… Andei muito, me perdi completamente, já era tarde, mas como só anoitece em Londres depois das 9 da noite, no pico do verão, eu até que não estava ligando muito para aquela situação.
Mas de repente, andando sem rumo, eu fiquei paralisado diante das grades de um parque. Meus olhos caíram direto na tal bota misteriosa. A bota, que não era bem uma bota, estava diante de mim. Pulei as grades do parque, já fechado, e corri para onde a mulher tinha me falado para ir. Foi lá que vi aquele objeto silencioso, cheio de luz, acima das árvores, ele foi descendo sobre mim… Uma sensação de amor me invadiu e, em um segundo, eu estava lá, dentro daquela imensidão azul. Um ser apareceu depois de um tempo, era um Monge. Ele começou a me enviar pensamentos, impossíveis de se descrever, eu parecia flutuar no azul, não escutava barulho nenhum, era um espaço gigante, e eu comecei a ver cenas do meu passado, enquanto ouvia o que ele ia dizendo… E o Monge me trouxe uma lembrança de algo que aconteceu quando eu era muito pequeno, que eu tinha esquecido… Metade da revelação estava ali e a outra viria 2 anos depois, nos primeiros meses de 2007, num sonho. E essa foi uma das razões para eu voltar ao Brasil, alguns meses depois.
Quando tudo acabou e o azul desapareceu, eu fui a pé para casa. Andei por Londres a noite inteira, debaixo de uma chuva fina!
É claro que você não vai contar o que o Monge lhe revelou, não é? Não pode nos contar qual era a aparência dele, de onde ele veio ou mais algum detalhe?
O que eu vi e quem eu vi foram as maiores surpresas de tudo isso. Não tem nada a ver com as figuras que temos em mente. O que eu posso dizer é que os traços de um Monge são tão semelhantes como eu e você.
Mas o importante é que todos saibam que não estamos sozinhos. É algo que já foi muito falado e alguém pode me dizer: não diga, que novidade!
Pode não ser uma novidade, mas muita gente se esquece disso.
Na verdade, o que as pessoas questionam é: por que um negócio desses aconteceu com você e não comigo ou com o vizinho?
Sim, tem razão. Eu me perguntava isso também. E me perguntei tanto, com tanta força, que acabou acontecendo. Não sei se foi alucinação, como muitos me acusam ou algo do tipo. O essencial é a experiência. O que quero difundir e compartilhar é a mensagem positiva disso tudo. Quero fazer o que sempre me atraiu em pessoas, na arte e na vida em geral: inspiração, superação e espiritualidade. Não a espiritualidade engarrafada de muitas religiões. Não quero certezas, quero a liberdade da insegurança de cada dia. Sem rede de proteção. Tudo muda.
Gostaria de terminar dizendo que isso nunca mais aconteceu, e deixar claro que eu não recebo visitas, mensagens nem instruções dos céus.
Para completar o que aconteceu depois do ocorrido, no dia 31 de julho de 2005, eu finalmente me apaixonei e depois me casei. Vivi em Londres por mais 2 anos e meio, fui professor assistente em escolas públicas neste período.
Para fechar, não poderia deixar de mencionar que muitas pessoas chamam você de Big Fish, porque dizem que você sempre foi de contar histórias meio fantasiosas, inventar situações e, no seu blog, você inclusive descreve encontros com sacis. Você capturou um saci branco em Londres, isso é verdade também?
Eu desde pequeno adorei inventar histórias. Antigamente, na língua portuguesa, havia 2 palavras: história e estória. História era para ser usado quando você fosse descrever fatos. Já a estória era para contar fantasias…
Eu sempre gostei de estórias e continuo contando algumas, mas isso não significa que eu não relate minhas histórias por aí também.
Fica por conta de cada um. Não posso provar nada, mesmo porque a vida, em si, não é um julgamento, ou é?
Última pergunta: você adquiriu algum poder paranormal como alguns dizem adquirir depois de sua abdução azul? (silêncio) É claro que a tendência, depois de uma experiência, é ter a sensibilidade um pouco alterada, mas isso só acontece quando eu relaxo.
Quando eu era mais novo, fui iniciado no Reiki. A mestre, uma mulher fantástica, me contou que durante o ritual ela tinha visto que eu havia sido um reikiano, numa vida passada. Como eu andava desconfiado desse tipo de afirmação, não dei bola e nem me envaideci com isso. Ela falou também que, se eu praticasse bastante, com o tempo iria ver pontos luminosos no corpo das pessoas, onde deveria aplicar a energia de cura do Reiki. Uma espécie de mapa…
Depois da minha experiência, quando me concentro e relaxo, e decido aplicar Reiki, isso realmente pode acontecer.
Por outro lado, uma experiência também faz com que absolutamente tudo no cosmos pareça unido, o que de fato é. E você, de repente, vê que é capaz de alguns truques, você começa a brincar com a ilusão dos sentidos e com o ego…
Que truques, por exemplo? (risos) Atravessar a parede é um, ficar invisível poderia ser outro…
Não me peça demonstração, estou tenso e não vai acontecer nada. Até mais e muito obrigado… Luz and Love a todos!
Obrigado ao Marzio por permitir a publicação deste depoimento na integra.Acessem => Muraca:BLUE